quarta-feira, 24 de junho de 2009

Nota da UNE (União Nacional dos Estudantes)

Mais uma vez a Polícia Militar entrou em conflito com os estudantes da Universidade de São Paulo. Desta vez, o clima de tensão foi mais acirrado no local. Na manhã desta terça-feira, cerca de 300 pessoas ocuparam as ruas da Cidade Universitária, na zona oeste de São Paulo, e impediram a entrada da PM, no ato conhecido como "trancaço" que bloqueou a entrada principal. A Tropa de Choque da PM chegou à USP no início da noite de hoje.

A Polícia atirou balas de borracha, bombas de efeito moral e gás de pimenta contra os manifestantes. Foram presas três pessoas no final do confronto.

Há mais ou menos um mês as manifestações na USP não cessam. A reivindicação é por parte dos funcionários que pleiteiam um aumento salarial. Com o desenrolar dos últimos dias, as reclamações se voltaram contra a reitora da universidade, Suely Vilela. "A truculência da reitora fez com que seu afastamento se tornasse o mote principal da manifestação. Ela está fazendo um verdadeiro circo na universidade", declarou a Assessoria de Imprensa do Sintusp, o sindicato dos trabalhadores da USP.

Os estudantes se sensibilizaram com a luta dos funcionários e aderiram ao movimento. Mais tarde, foi a vez dos professores. Segundo o professor de história, Osvaldo Coggiola, em entrevista para o Estado de São Paulo, o principal motivo da adesão dos professores à greve é a presença da Polícia Militar no Campus. "Antes, professor não fazia greve. A greve nem estava na pauta da Adusp, mas não aceitamos a PM na universidade e por isso aderimos ao movimento", disse ele.

Nem na época da ditadura militar, a presença da PM dentro da USP foi tão incisiva como agora em tempos de consolidação da democracia no país. Na ocasião das ocupações da reitoria, em maio de 2007, e da faculdade de direito do São Francisco, em agosto do mesmo ano, a polícia foi extremamente ostensiva no embate com os manifestantes.

A reitora alega que não foi ela a responsável pela a chegada da polícia. De acordo com o advogado especialista em direto civil e professor universitário, Artur Fontes de Andrade, Suely Vilela é autoridade dentro do campus, mas qualquer diretor da área ocupada com legitimidade jurídica pode requerer a reintegração de posse.

Os manifestantes pedem o afastamento de Suely Vilela e eleições diretas para reitor da universidade. Mais um marco contraditório, já que a USP, historicamente, sempre lutou pela democracia.

De São Paulo Joyce Mackay e Danielle Franco

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